MYRTACEAE

Myrceugenia kleinii D.Legrand & Kausel

Como citar:

Raquel Negrão; Marta Moraes. 2019. Myrceugenia kleinii (MYRTACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VU

EOO:

172.858,498 Km2

AOO:

52,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência nos estados: BAHIA, município Ilhéus (Pinheiro 1030); PARANÁ, municípios Guaraqueçaba (Hatschbach 16901) e Guaratuba (Hatschbach 11578); SANTA CATARINA, municípios Ilhota (Stival-Santos 3352) e Itajaí (Klein 1579); SÃO PAULO, municípios Cunha (Collares 44), Iguapé (Rossi 1215), São Miguel Arcanjo (Aguiar 1016), Sete Barras (Duarte 538) e Ubatuba (Souza 36).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Raquel Negrão
Revisor: Marta Moraes
Critério: B2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: VU
Justificativa:

Árvores ou arvoretas de 20 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Ocorre nos domínios da Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila Densa e Floresta Ombrófila Mista (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Foi coletada, nos estados da Bahia, no município de Ilhéus; do Paraná, nos municípios de Guaraqueçaba e Guaratuba; de Santa Catarina, nos municípios de Ilhota e Itajaí; de São Paulo, nos municípios de Cunha, Iguapé, São Miguel Arcanjo, Sete Barras e Ubatuba. Apresenta AOO= 48 km² e está sujeita a seis situações de ameaça. O desmatamento, a expansão urbana, a plantação de espécies florestais para produção de madeira e celulose (Pinus e eucalipto) e a agricultura (Simões e Lino, 2003; SEMA/IF-SP, 2008; Eisfeld e Nascimento, 2015; Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018; Prefeitura São Miguel Arcanjo, 2018) são os principais responsáveis pelo declínio de EOO, AOO, qualidade do habitat e de subpopulações. A espécie foi considerada “Vulnerável” (VU) em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (MMA, 2014). A revisão de coleção e inclusão de novos registros aumentou pouco os valores de distribuição da espécie, não ultrapassando os limiares de risco da categoria VU, porém foi revisto o número de situações de ameaça. Portanto, a avaliação da espécie foi mantida como “Vulnerável” (VU), em razão de distribuição restrita associada a declínio contínuo, por causas não cessadas. Três dos quatro estados de ocorrência da espécie (Bahia, Santa Catarina e Paraná), foram reportados entre os cinco estados que ainda não conseguiram sustentar o compromisso de desmatamento zero para o Bioma Mata Atlântica, apresentando taxas de desmatamento inaceitáveis, acima de 1000 ha no período de 2017-2018 (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie ocorre duas Unidades de Conservação de proteção integral e não foram encontrados dados populacionais atualizados, senão o estudo (Duarte 2003) considerado anteriormente, que estimou uma densidade média de 2.2 indivíduos por hectare em uma parcela permanente de 10.24 ha no Parque Estadual Carlos Botelho. Portanto, são necessárias ações de pesquisa (para atualização da informação sobre tamanho e tendências populacionais), monitoramento das populações encontradas mais recentemente e ações de conservação (programas de conservação ex situ).

Último avistamento: 2012
Quantidade de locations: 6
Possivelmente extinta? Não
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada como"Vulnerável" (VU) à extinção na lista vermelha da IUCN (Pires O'Brien, 1998). Posteriormente, avaliada pelo CNCFlora/JBRJ em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Vulnerável" (VU) à extinção na Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 VU

Perfil da espécie:

Obra princeps:

​Espécie descrita em: Sellowia 13: 306, f. 11, 30D. 1961.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Myrceugenia kleinii apresenta uma densidade média de 2.2 indivíduos por hectare em uma parcela permanente de 10.24 hectares em floresta ombrófila densa submontana no Parque Estadual Carlos Botelho (Duarte 2003).
Referências:
  1. Duarte, A.R., 2003. Espécies de Myrtaceae de uma parcela permanente de floresta ombrófila densa baixo montana no parque estadual Carlos Botelho, município de Sete Barras-SP. Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-29072004-154550/en.php (acesso em: 12 de junho 2003). Paulo.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Floresta Ombrófila Mista
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista
Habitats: 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest
Detalhes: Árvores de até 20 m de altura (Collares 44), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), e na Floresta Ombrófila Mista (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Myrtaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB10645>. Acesso em: 07 Jun. 2019

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat past,present,future local very high
Nos municípios de Itamaraju, Ilhéus e Uruçuca, cerca de 80% da cobertura original da Mata Atlântica foi desmatada. Em Ilhéus, esse percentual é de 65% (SOS Mata Atlântica; INPE, 2011).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica/ Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica - período 2008-2010, São Paulo, 2011.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2 Wood & pulp plantations habitat past,present,future local high
Guaratuba tem 41,3 ha de plantios de Eucalyptos e 1.433,6 ha de Pinus, outros 7,5 ha estão em corte raso ou recém-plantados. (Eisfeld e Nascimento, 2015). Na serra do Mar a ocupação rural adensada foi classificada no Plano de Manejo como um vetor de pressão antrópica muito alta, ao passo que as pastagens e reflorestamento com Pinus e Eucalyptus foram considerados vetores de pressão alta (SEMA/IF-SP, 2008). Destaca-se a aparente invasão de Pinus spp. em campos montanos do Núcleo Curucutu, que pode interferir na dinâmica das espécies nativas, levando à descaracterização da vegetação dos locais onde se estabelecem. Algumas áreas do Núcleo Itutinga-Pilões encontram-se bastante alteradas em função de plantações de Eucalyptus spp. (SEMA/IF-SP, 2008).
Referências:
  1. Eisfeld, R.L., Nascimento, F.A.F., 2015. Mapeamento dos Plantios Florestais do Estado do Paraná – Pinus e Eucalyptus. Curitiba, Instituto de Florestas do Paraná, 76 p.
  2. SEMA/IF-SP, 2008. Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar. URL http://fflorestal.sp.gov.br/pagina-inicial/planos-de-manejo/planos-de-manejo-planos-concluidos/plano-de-manejo-pe-serra-do-mar/. Acesso em 12/7/2018.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1 Annual & perennial non-timber crops habitat past,present,future local medium
A economia do município São Miguel Arcanjo (SP) está voltada para o setor agrícola, com o predomínio do cultivo de uvas do tipo Itália e Rubi. Uma variedade que cresce muito na cidade é a uva rústica de mesa, como a niagara, (tratando - se de uma uva com menos custo para a produção),visto que na reforma dos parreirais os produtores vem optando pelo plantio da mesma,também ganhando espaço em novas áreas, principalmente na divisa com Capão Bonito (SP). A uva niagara atualmente em São Miguel Arcanjo, é responsável por 40% da produção do Estado de São Paulo. Também há outros, como o cultivo da batata, soja e feijão (Prefeitura São Miguel Arcanjo, 2018)
Referências:
  1. Prefeitura São Miguel Arcanjo, 2018. Dados gerais, economia. http://www.saomiguelarcanjo.sp.gov.br/pagina/03.html. (acesso em: 30 de agosto 2018)
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat past,present,future national very high
Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003).
Referências:
  1. Simões, L.L., Lino, C.F., 2003. Sutentável Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais. São Paulo: Senac.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present,future national very high
Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.

Ações de conservação (5):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada em Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleos Santa Virgínia/Picinguaba (Souza 36), Estação Ecológica Juréia-Itatins (Rossi 1215).
Ação Situação
5.4.3 Sub-national level on going
Espécie avaliada como "Criticamente em perigo" pela segunda revisão da lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo (SMA-SP, 2016).
Referências:
  1. Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado de São Paulo - SMA-SP. 2016. Resolução SMA Nº 057. Segunda revisão da lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo. Publicada no DOE de 30-06-2016 Seção I Pág 55/57. Acesso em 31 de maio 2019.
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie avaliada como "Vulnerável" está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Portaria nº 443/2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Disponível em: http://dados.gov.br/dataset/portaria_443. Acesso em 14 de abril 2019.
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território São Paulo - 20 (SP)
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie foi avaliada como "Vulnerável" (VU) à extinção na lista vermelha da IUCN (Pires O'Brien, 1998).
Referências:
  1. Pires O'Brien, J., 1998. Myrceugenia kleinii. The IUCN Red List of Threatened Species 1998: e.T35659A9948987. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.1998.RLTS.T35659A9948987.en. (Acesso em 24 de setembro de 2019).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.